Foi o que foi!

Sem manifestos. Sem outros interesses que não os do costume, sem nada. No final das contas, sem ninguém. Olhar, nada ver, nada sentir, só olhar por olhar. Rever o que se olhou e não se sentiu, rever e sentir que pouco interessa o que se olhou, ou porque se olhou, ou sequer que se tenha olhado! No final das contas não se viu nada, não se sentiu nada! Fixar os olhos no vazio e sentir que pouco desse vazio se explorou, sentir que pouco se fez, que pouco se disse! Olhar o vazio e sentirmo-nos cegos! Pensar que se calhar pouco importa a condição de vazio, que se calhar pouco importa qualquer das condições em que nos coloquemos, pouco importa o importarmo-nos! Vaguear um pouco, lançar um pé para a frente do outro, só lançar o pé, não se pode, propriamente, chamar a isso caminhar, é só um lançar de pés que nos lança para outro lugar que não o actual, se bem que esse próximo lugar pode ser igualmente vazio. Mas relaxar nesse jogo, brincar a isso, ser um pouco criança nesse acto, ficar assim, a sentir algo que não nos toca, que sequer mexe connosco, sequer sentimos! E lembrar de tudo, ir pelo tempo fora, dentro de nós mesmos e lembrar de tudo, daquele tudo que agora é tão distante, tão distante que nos torna agora insensível àquilo que foi, àquilo que será nunca mais.

Comentários

  1. Olhar sem nada ver, na verdade é esquecer. Esquecer é lembrarmo-nos de José Sócrates. Por isso não vou falar disso.
    Quantas vezes já lançamos os pés, um à frente do outro e o outro à frente do um? Na verdade é isto que o homem faz, um pé agora, outro a seguir. Mas caminhar de verdade são poucos os que o fazem. Muitos não têm força, outros não têm coragem de caminhar, coragem de viver, de sentir. Se apenas existirmos não sentimos, não sofremos. Será que vale a pena caminhar para depois partirmos uma perna?

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Sendo muito honesto, obrigadinhos!