Rascunho de mim

Solto-me pelo mundo e deixo a juventude de mim crescer. Vou envelhecendo, sinto os músculos tonificar e a mentalidade desenvolver. Aproximam-se os dias de decisões e eu, eu ali estou, pronto para, pelo menos, optar…
Optar é por si só difícil, mas quando se opta pela primeira vez é um jogo de risco, tudo é um risco, até mesmo as opções, todas elas se afiguram como ratoeiras, todas elas surgem com caminhos escondidos.
Primeiras decisões e primeiros tropeções a par delas. Vai-se caindo, mas parece sempre recobrar-se para um patamar mais forte! Assim se cresce, caindo e andando, caindo e levantando! As decisões vão ficando sobre o nosso controlo, com tantas quedas vamos ficando mais atentos e exigentes, dificilmente caímos e mais ou menos por essa altura solidificamos!
O nosso rascunho fica terminado, linhas fortes, vigorosas. O traço é claríssimo e a figura parece-nos perceptível, pena a ausência de preenchimento! Com o medo de cair fomos esquecendo a coloração do desenho, sobra-nos agora uma folha branca com uma série de linhas bem uniformes e vincadas, um desenho, quase como que uma partitura com todas as notas, todas as regras, todas as oscilações e compassos, tudo! Tudo menos a música.

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