Pleonástica presença

E que carência, que vontade de tocar e ser tocado de sentir e de me fazer sentido, ocupar o espaço de outrem com a minha nítida e pleonástica presença notória!
Beijar uns lábios que me queiram. Sentir o deleite de em candura perder-me.
E palmilhar, por esse mar de sentidos viajar e colher frutos, trocar, entregar-me a ferro e fogo e esvaziar de mim o mal que me faço só!
É audível o meu choro seco! Choro que mais não é senão “mimese” da vontade de que me agarrem! Vontade de que por mim se toldem!
Aqui neste lugar vazio não sou mais homem, não sou mais nada senão a guerra que em mim travo. Guerra que diariamente me consome as forças que necessito como de luz para continuar guerreando dia a dentro.
Por fim perco-me na conclusão, para quê tanta luta, porquê? No final do dia não sou mais eu, não me conheço mais ou me encontro! Perdido numa selva de tiques e preconceitos que ainda não percebo como se apegaram a mim!
E no entanto quero amar, entregar-me por inteiro e prontamente! Sou mais eu quando me dou, sou mais eu quando adormeço e não me peso, sou mais eu quando me esqueço de que sou!

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