Ócio



(ilustração andreia P)

Entedia-me o olhar de quem não me quer ver. Sinto que dias passam e tudo fica menos disforme e mais conforme o que necessito. Por vezes dou por mim a pensar naquilo que estou a pensar e isso faz-me sentir amorfo! Faz hoje quinze dias e estava a questionar comigo mesmo a razão pela qual me questiono e me confundo e me divago ao ponto de me perder de onde quero chegar. Dias tenho em que por mais que respire, falta-me sempre o ar para andar mais aquele pouco que, presumo, me levaria onde quero. Tem outros dias ainda, dias daqueles que são feitos a vida, os dias onde tudo o que olho e sinto me assenta como uma luva, dias em que por mais que tente, por mais que me esforce, nada tem meio de correr mal! Mas esses são poucos, parece-me que tenho propensão ao aniquilamento próprio, digo-o, porque o penso e penso-o, porque não tenho mais nada para fazer senão conversar comigo. Não se fica louco por estar sozinho, fica-se louco, por se conversar com as pessoas que criamos para não estarmos sozinhos. Depois de criadas, essas pessoas parece que não se calam, parece que não sabem como se manter no silêncio e por consequência querem-se fazer notar. No meio da solidão, as pessoas que criei para me acompanhar, afastam-me ainda mais do mundo do qual eu me quero abeirar. Perversamente cru é este meu ser que tanto se enaltece como se derrota! Espírito derrotista que quer sempre mais e mais e que por consequência se desmonta em alienações e preconceitos. Contra a minha vontade movo-me sempre, não sei bem para onde, não sei bem porquê. Sabem que em dados momentos me sinto a precisar de ajuda, de uma voz que não tenha sido por mim criada, no entanto quando chego á conversa com um desses seres, firo-me em silêncio por vontade de não me ouvir! Queixume parvo de insuficiência de humildade, de desordenada vontade de conseguir, sabe-se lá o quê!
O mais ridículo é que tudo advém de puro ócio, tudo advém de tempo inglório, tempo vão! Tivera eu algo para fazer e a mecanicidade de meu corpo, substituiria facilmente a retórica de meu cérebro.

Comentários

  1. Rapaz, essa foto nao é tua!! Como é que é, vais retira-la?

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  2. nop, por uma razão bem simples, a pessoa que fez esta ilustração cedeu todos os direitos....

    mas porque?

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Sendo muito honesto, obrigadinhos!