Assim. Ficando!



(ilustração andreia P)

No meu mundo exploro uma ideia, um conceito, uma forma de realizar um algo que me atrai muito, que me melhora! Aperfeiçoo a busca da ideia, melhoro o conceito. Busco palavras novas e tento sempre idealizar como será o objecto final, o plano do concreto. Realizo a ideia, tenho-a aqui, mesmo na minha frente, vejo-a de todos os ângulos, procuro pensar em ângulos que, normalmente, não observaria. Idealizo mais um pouco a ideia, perdoando-se a redundância, dir-se-ia que almejo a perfeição. No entanto, não fico contente, coloco ainda mais entraves, não quero algo que seja apenas, “um algo”, ao idealizar a perfeição, pretendo atingi-la e, sem “humildades”, melhorá-la. Estóico, forço-me ao falhanço e assim continuo... tentativa e erro, tentativa e erro, tentativa e erro...
O tempo passa e assim vou ficando, na tentativa e no erro.
O erro transforma-se em tentativa e a tentativa em erro, vou encontrando melhoramentos, mas a perfeição é ainda um “alvo a abater”. Prossigo... perseverança e persistência, digo-me! Repito-o tantas vezes, quantas as da tentativa e do erro. O erro fortifica-me, paralelamente, torna-me mais exigente. O erro não me dá sensação de fracasso, pelo contrário, oferece-me inteligência. Nunca caindo no mesmo erro, aquando de cada tentativa, reinvento-me, desconfio e re-descortino o mundo á minha volta, altero tudo, mas não repito tentativas!
Fico assim!
O mundo á minha volta vai-se mudando. A cada tentativa minha, tudo se vai alterando e consequentemente, vou ficando outro, as minhas formulas ficam, a cada passo, mais subtis nas suas peculiaridades. Não se esgotam as hipóteses de tentativa, o “laboratório” continua apetrechado de itens novos, de novos erros á espera de acontecer. Ao mesmo tempo, torna-se, para mim, nítido que tudo vai ficando mais coeso, mais uniforme. Faz tempo que existem erros que já não tenho a capacidade de cometer, longe vão os dias dos erros e tentativas pouco diferentes.
Evoluo e fico assim, vou ficando!
Pode ser que o tempo me ensine muita coisa, mas eu também vou mostrando ao tempo, que estou aqui para ficar, digo-lhe até, por vezes, que ele não me vai mudar, erro...
Sou perseverante, tanto assim que me fui tornando teimoso, persistente em relação aos dados concretos que fui adquirindo nas minhas “experiências”. Não sou capaz de dizer que não sei ainda nada, pelo contrário, sei o suficiente para questionar o que julgo, de resposta, ser já possuidor. Busco a questão das coisas, não a resposta. A idéia de que vou parar de errar por meu percurso, onde repito, vou ficando assim, afugenta qualquer tentativa!
Fico aqui, assim, a bater na parede da duvida, sempre ricocheteando pelo que me é desconhecido.
Nada disto pretende negar o oposto do que entendem ao lerem-me, pois se assim for interpretado, erro nesta “tentativa” de me mostrar. Para o caso de em mim lerem esse erro, afianço-vos, facto tal não me é estranho, talvez por isso eu aqui esteja, escrevendo, na execução da tentativa de me transmitir para vocês.
E é assim que eu fico, ou pelo menos, vou ficando...

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Sendo muito honesto, obrigadinhos!