Memória de um texto por escrever.

Olhei-te, com um certo desdém , admito! Tu também me viste. Fizeste aquele sorriso que eu aprendi a amar. Trocamos murmúrios...

Fiz-te uma surpresa. Lembras-te? Não? Pois, esqueci-me que não dás valor a essas coisas, elas são “coisas sem interesse” como tu costumas dizer.

Depois foi aquele momento em que eu te esqueci por instantes. Ainda não sabia que ia voltar a recordar-te , como se recordam os tempos de escola primária quando entramos numa sala e sentimos aquele cheiro a sala de escola primária, aquele aroma inesquecível que só quem tem a quarta classe se recorda!

Passaram alguns tempos, ambos tínhamos envelhecido e eu decidi voltar a surpreender-te, tal como fizera tempos antes.

Diferente surpresa, mesma reação, esqueci-me que para ti, essas “coisas sem interesse” não passam disso mesmo, de coisas pouco interessantes que servem apenas para esconder fragilidades sentimentais e frustrações pessoais!

Na verdade eu é que falhei, eu é que deveria ter tido atenção. Eu é que te deveria ter ensinado a gostar daqueles momentos que precedem a surpresa, aqueles momentos em que tudo é incerto, nem que por um milionésimo de segundo! Eu é que me esqueci de me esquecer de mim, eu é que não me esforcei o bastante para me lembrar de que aquilo que é importante, é apenas a memória que de ti resta!

Confuso?

Eu sei, surpreendi-te por instantes, não foi? Pensavas que eu estava a tentar chegar a algum ponto convexo de raciocínio, mas afinal estou só a dizer balelas. A verdade é que dizer balelas faz-me lembrar de ti! Sei que parece estranho, mas sempre que ouço uma bela mentira, recordo-me de ti, sempre que alguém me conta uma traição implacável, eu lembro-me de ti! É a ti que eu vejo, quando no cinema, uma cena do filme me lembra uma grande farsa!

Desculpa, estava a brincar, aquilo que eu realmente queria dizer é que te adoro e que a nossa relação tem futuro, que a nossa vida vai ser um mar de rosas, que nuca ninguém te vai amar tanto quanto eu te amo agora mesmo! Quero também recordar-te que apenas hoje me olhei no espelho e percebi que o meu eu se esvaiu de saudades de ti! Quero também dizer-te que “lamechisse” é algo que me traz á memória a tua pessoa! Por exemplo, ontem, enquanto passeava sozinho á beira-mar, decidi soltar uma lágrima quando vi uma mãe a abraçar o seu filho!

Desculpa, emocionei-me, penso que só de ter recordado esse momento, o meu intimo se enfraqueceu e o meu coração chorou uma lágrima de sangue!

A verdade é que te amo e por mais que te deteste, não consigo deixar de pensar como seria se nunca nos tivéssemos conhecido!

In, “O Diário de um Bipolar”

Comentários

  1. Acho que todos nos sentimos assim...de quando em vez...mas...a verdade é que até o nosso espelho nos vai enganando a alma...

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Sendo muito honesto, obrigadinhos!